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Dólar volta a cair

Divisa dos EUA ignora ameaça de Mantega, retoma trajetória de queda e fecha a R$ 1,718.

As expectativas de entrada maciça da moeda estrangeira voltaram a derrubar o preço do dólar(1). “O puxão de orelha do Mantega (Guido Mantega, ministro da Fazenda) entrou por um ouvido e saiu pelo outro. Pelo jargão do mercado, são palavras, nada mais que palavras”, ironizou um operador de mesa de câmbio. Depois de um rápido suspiro na quarta-feira, a moeda americana retomou ontem a tendência de queda já sinalizada pelos especialistas e encerrou o dia em baixa de 0,42%, cotada a R$ 1,718, apesar de dois leilões de compra realizados pelo Banco Central (BC) para enxugar o mercado. 

No mês, o dólar registra queda de 2,39% e, no ano, acumula baixa de 1,66%. A desvalorização ocorreu também em outras praças. Na Europa, perdeu valor diante do euro, que estava fortalecido pelo bem-sucedido leilão de bônus da Espanha e pelos rumores de que a China havia comprado uma quantidade significativa de euros para controlar indiretamente a moeda local, o iuan, que experimenta seguidas máximas recordes em relação ao dólar. 

Bolsas 
Em comparação ao iene japonês, a divisa americana teve leve alta, ainda repercutindo a intervenção da autoridades japonesas no dia anterior, que provocou forte ganhos sobre o dólar. Ontem, o governo do Japão não atuou para conter a desvalorização da moeda nacional. 

No mercado acionário, o Ibovespa, índice mais negociado na Bolsa de Valores de São Paulo (BM&Fbovespa), fechou em baixa de 0,65%, nos 67.662 pontos, com reduzido giro, de apenas R$ 4,7 bilhões, volume mais fraco nesta semana. Os indicadores da economia americana no mercado de trabalho, apesar de melhor que o previsto, não animaram os investidores. Mesmo assim, a Bolsa de Nova York subiu 0,21%. Na Europa, o dia foi de queda. A Bolsa de Londres perdeu 0,28%. A de Paris cedeu 0,52%. O mercado de Frankfurt regrediu 0,20%. E o de Madri encolheu 0,33%. 

1 - Duplo mergulho 
Paul Krugman, Prêmio Nobel de Economia de 2008, disse ontem, em São Paulo, que há 33% de chances de os Estados Unidos darem um duplo mergulho e entrarem em nova recessão nos próximos trimestres. Alegou, contudo, que esse não é o cenário mais provável. A tendência é de que a maior economia do planeta continuará fraca nos próximos seis anos. Já o Brasil, na visão do economista, graças a seu mercado interno e à redução das desigualdades, terá condições de manter uma expansão média de 5% do Produto Interno Bruto (PIB) nos próximos três ou quatro anos.